terça-feira, 29 de setembro de 2015

010 - Eu Não Tenho Medo de Fantasmas...

Olá, amadinh@s de Tom! Bom dia, boa tarde, boa noite, boa madrugada para vocês tudinho!
Como estamos nós, hoje? O que vocês acharam das postagens interligadas da Discoteca e da Biblioteca? Alguma sugestão para melhorar algo? Mais uma vez, lhes peço: COMENTEM! COMPARTILHEM! ESPALHEM, MESMO!!! Podem chegar em mim e dizer o que lhes passa à cabeça, eu amo receber o feedback de vocês! É isso o que me estimula a continuar alimentando estes trigêmeos!
Bem, como vocês (assim espero) puderam ver, o tema dos blogs-irmãos da nossa Filmoteca, por ora, está bem sombrio e fantasmagórico. Então, gostaria de saber de você, car@ leitor@: você acredita em fantasmas? Se sim, tem medo deles? Se não, diverte ao assistir filmes onde eles são personagens centrais?
O que vocês pensam deste personagem central de hoje?

Fonte da imagem: http://alchetron.com/

Título Original: There's Good Boos To-Night
Distribuição: Paramount Pictures
Produtora: Famous Studios
Data de lançamento: 23/04/1948
Direção: Izzy Sparber
Produção: Izzy Sparber e Seymour Kneitel
Roteiro: Bill Turner e Larry Riley (baseado no personagem de Seymour Reit e Joe Oriolo)
Com as Vozes de: Walter Tetley (Casper)
Jack Mercer (Fantasmas, Bezerro, Ferdie Fox, Caçador)
Sid Raymond (Outros fantasmas)
Frank Gallop (Narrador)
Fonte da imagem: http://casper.wikia.com/
Casper... Se vocês preferirem, Gasparzinho - sim, aquele, mesmo! O "fantasminha camarada"! Foi criado em 1939 pelo autor Seymour Reit e pelo cartunista Joe Oriolo para o livro "The Friendly Ghost", e logo ganharia histórias em quadrinhos publicadas pela Harvey Comics e ganharia os cinemas pela subdivisão de animação da Paramount, a Famous Studios (renomeada Paramount Cartoon Studios em 1956). Gasparzinho é (o espírito de) um garoto que nunca conheceu Melinda Gordon está sempre em busca de amizades para aplacar sua solidão.
Seus desenhos nunca fizeram muito a minha cabeça. Eles não são particularmente divertidos, nem engraçados - suas gags são repetidas à exaustão -, mas eu continuava a assistir porque o pobre garoto de ectoplasma era muito solitário e depressivo! Não tinha jeito de não torcer para que ele fizesse um novo amigo ao final do desenho, mesmo que no próximo, o coitado estivesse só, novamente! Enfim, em determinado ponto, os responsáveis pelos desenhos criaram amigos regulares (como a bruxinha Wendy ou o demônio Brasinha) para o moço, e aventuras mais interessantes vieram. Mas hoje, falo de um de seus primeiros curta-metragens.
Neste There's Good Boos To-Night, conhecemos o lar do garoto Gaspar: um cemitério numa cidade não nominada, onde os fantasmas acordam à meia-noite e partem para seu trabalho: assustar aqueles ainda encarnados - e eu que sempre acreditei que após desencarnar teria um eterno descanso... Mas Gasparzinho, obviamente, nunca teve interesse nisso. O negócio dele é fazer amigos e brincar pra sempre - infelizmente, a turma do Penadinho se localiza num cemitério muito afastado.
Fonte da imagem: http://alchetron.com/

Ah, a amizade!...
Após algumas tentativas frustradas, ele finalmente consegue encontrar este lindo filhote de raposa, que provavelmente não sabe muito da vida (ou da morte) imediatamente se aproxima dele e ganha o nome de Ferdie. Como nem tudo são flores pro pobre Gasparzinho, aparentemente é época de caça às raposas, e seu novo amigo está em perigo.
Se você acompanha meu Facebook, com certeza deve saber o que eu penso sobre seres ditos humanos que praticam caça como "esporte", matando animais com mero objetivo de diversão. E os que ainda dão desculpas esfarrapadas pra justificar seus atos conseguem me irritar profundamente e me fazer perder a diplomacia. Num mundo onde cada vez mais países finalmente reconhece que seres não-humanos são, sim, sensíveis, "humanos" que não largam este tipo de prática, a meu ver, só podem ser considerados psicopatas do tipo mais perigoso.
Fonte da imagem: http://bernel.blogspot.com.br/

Quem diria que o ectoplasma solitário ficaria tão bem acompanhado?
There's Good Boos To-Night, mesmo datada e com gags que provavelmente nasceram já gastas, é uma boa para ser mostrado às crianças como forma de puxar assuntos mais profundos, como relação com animais e a própria morte. Claro, é apropriado para crianças maiores, mas será que as crianças maiores de hoje vão se encantar com um Fantasminha Camarada, nestes tempos de smartphone em mãos e desenhos cada vez mais gráficos praticamente à mão? Esta é daquelas perguntas bem retóricas - não é fácil para um desenho dos anos 1940 de cores sombrias e temas difíceis competir com os ultracoloridos desenhos de hoje, que nem exigem muito da compreensão de quem o vê.
Mas de jeito maneira é uma batalha perdida ou inglória. Se Gasparzinho conseguiu amigos após anos tentando, quem não garante que ele não consiga a atenção das crianças de 2010?

VEJAM TAMBÉM!
Discoteca

"Wuthering Heights"
(single)
Kate Bush
Biblioteca

"O Morro dos Ventos Uivantes"
(romance)
Emily Brontë

terça-feira, 22 de setembro de 2015

009 - Eu Tenho Cavado em Busca de um Coração de Ouro.

Bom dia, boa tarde, boa noite, amadinh@s de Tom!
Como estamos tod@s? Tudo bom com vocês? Que bom, que bom, que bom! Fico feliz!
Quando eu era criança, tive a sorte de ter pais com condições financeiras de poder ter um aparelho reprodutor de fitas VHS e alugar pelo menos duas semanalmente e aproveitar fins-de-semana com brincadeiras com amigos, desenhar sozinho e filmes no sofá de casa, em família.
Como qualquer criança, quando me agradava de algo, repetia ad eternum - álbuns, video games, livros, gibis, filmes. Foram muitas fotas alugadas e realugadas e re-realugadas... Em especial, desenhos animados e fitas com episódios de super sentai.
Desenhos que partem de cartuns e histórias em quadrinhos tinham especial atenção por parte do pequeno Tom. Garfield, Recruta Zero, Popeye, Tintin (meu favorito pessoal, até certo tempo), Pernalonga e sua turma, Snoopy, Rainbow Brite, He-Man, She-Ra etc....
...e, óbvio, o filme de hoje!

Fonte da imagem: http://pt-br.monica.wikia.com/

Título: A Princesa e o Robô
Distribuição: Embrafilme
Produtora: Maurício de Sousa Produções
Data de lançamento: 07/03/1983
Direção: Maurício de Sousa
Produção: Black & White & Color
Roteiro: Itsuo Nakashima e José Márcio Nicolosi (baseado em idéia de Maurício de Sousa e Reinaldo Waisman, e nos personagens de Maurício de Sousa)
Com as Vozes de: Marli Bortoletto (Mônica)
Angélica Santos (Cebolinha)
Paulo Cavalcante (Cascão)
Elza Gonçalves (Magali)
Denise Simonetto (Anjinho)
Araken Saldanha (Lorde Coelhão)
André Luís (Robô)
Flora Maria Fernandes (Mimi)
??? (Zoiudo)
Marthus Mathias (Rei do Planeta Cenourano)
Orlando Vigiani Filho (Franjinha)
Ronaldo Batista (Locutor)
"Nos confins do universo, foram descobertas recentemente misteriosas estrelas pulsantes. Batizadas pelos astrônomos de pulsar, elas não brilham como outras estrelas. Elas pulsam como um grande coração de luz, batendo sem parar. Diz a lenda que, às vezes, um raio de luz desgarrado de uma distante estrela pulsar pode atingir alguém. E esse alguém nunca mais será o mesmo" - é assim, com esta abertura clonada de homenageando "Guerra nas Estrelas", que se inicia o segundo longa-metragem da Turma da Mônica: A Princesa e o Robô.
No caso, um raio de alguma destas estrelas pulsar se desgarrou e correu até o planeta Cenourano, onde atingiu um pobre robô de guarda incauto, que virou o Wall-E ganhou consciência própria e sentimentos - tantos e tão fortes que ele se apaixona pela princesa Mimi - que retorna seu afeto à primeira vista (nem um jantar, um cineminha, jóias, flores, NADA! Esse robô deve usar Avanço!). Claro que, em se tratando de um filme de noventa minutos e que envolve personagens que moram na Terra, a coisa não seria tão fácil para o casal apaixonado - o pobre robô deve conquistar um coração de verdade para poder se casar, e este só pode ser conseguido nessa bendita estrela pulsar. Como se arranjar uma passagem ida e volta para pulsar um modo de transporte já não fosse difícil, nosso herói cai numa armadilha do grande vilão e é enviado à Terra. É aí que entra em ação a Turma da Mônica. Tudo isso em menos de meia hora de filme! UFA!
Fonte da imagem: http://www.bcc.org.br/

Esta é a Mimi! Ela não é linda?
Eu tenho um fraco por musicais. E um amor por desenhos animados. Os grandes filmes da Disney sempre me encantaram por reunir os dois. Os filmes da Turma da Mônica também seguem esta receita. Mas por A Princesa e o Robô passa um pequeno desvio: embora sejam as vozes dos personagens que cantem a maioria das canções, e as músicas se posicionem em momentos-chave, elas não foram colocadas diretamente nas bocas deles (algo que filmes de Hollywood como "Flashdance - Em Ritmo de Embalo", "Footloose - Ritmo Louco", "Amores Eletrônicos" e "Dirty Dancing: Ritmo Quente" - nossa, quanto ritmo! - fariam logo após está preciosidade brazuca. Este esquema perde no aspecto de "show no cinema, mas ganha em ação - os números ajudam a contar a história e dar o estado dos personagens em determinado momento sem prejudicar o andamento da película.
Fonte da imagem: http://www.bcc.org.br/

Foto promocional: ignorem crianças e cão respirando no ar rarefeito!
As canções são bem agradáveis, também! "Bate-que-Bate" é particularmente hilária (embora não seja tanto se ouví-la sem ver o filme junto), enquanto "Pulsar" (o lamento do Robô) é tocante. "Tum Tum" é a minha favorita desde sempre - é a única que perdurou em minha memória até anos depois de ver este desenho pela última vez. Na verdade, o maior problema da trilha sonora seja este: as músicas são boas, mas não sobrevivem sem o filme - pior que isso: nem memoráveis (exceto, obviamente, "Tum Tum").
Fonte da imagem: http://www.bcc.org.br/

Adoro estas fotos promocionais - a turma nem estava ali, nesta hora do filme!
O roteiro de A Princesa e o Robô é bem estruturado e tem poucos furos - se não contarmos um sem-número de situações um tanto absurdas, onde até as crianças do filme apontam: "tão fácil, é só pegar um foguete, ir até o fim do universo...". Mas o roteiro foi feito confiando inteiramente na capacidade d@ espectador@ embarcar na fantasia - Cenourano é um mundo de costumes medievais com tecnologia avançada, onde coelhos e robôs convivem em harmonia - inclusive podendo um deles (robôs) participar de um torneio pela mão da princesa coelha. Tem até um personagem que voa pelo espaço sem problemas para respirar e consegue acompanhar uma nave espacial! O tal Pulsar, a que sempre referem como estrela, é, na verdade, um planetóide de superfície espelhada. Até mesmo a Turma busca o pacto ficcional - afinal, quantos ANJOS você, car@ leitor@, já viu andando por aí e brincando com você? Ainda assim, os roteiristas não fugiram da verossimilhança - cada personagem age de acordo com sua personalidade: Mônica e Mimi são doces e explosivas; Cebolinha é (pretensamente) o mais esperto; Cascão é medroso e faz muita besteira, mas cheio de bravata; Anjinho e Magali são as presenças pacificadoras da turma (Magali meio distraída no que tange a comida, Anjinho é insistente em se fazer a coisa certa); o Robô é heróico, mas um tanto mimizento choroso; e Lorde Coelhão é... Lorde Coelhão!
Fonte da imagem: http://www.bcc.org.br/

Cuidado, robozinho! Olha o Lorde Coelhão atrás de você!
Lorde Coelhão é a grande sacada de A Princesa e o Robô. Ele é o grande elo de ligação deste filme com a primeira incursão da turma nos cinemas, "As Aventuras da Turma da Mônica", onde ele apareceu como o grande vilão da última das esquetes. Os roteiristas sacaram a grande idéia que seria dar a ele um filme inteiro, onde ele pinta, borda e tem a maioria das gags do filme centradas nele - e veio junto com sua pose de Darth Vader, sua Nave-Mãe (e a Nave-Filha roubada pelo Cebolinha no filme anterior), seu exército de coelhóides e seu famigerado "raio empacotador" - que põe toda a história em ação com a entrada da Turma. A dublagem de Araken Saldanha é simplesmente perfeita! Você não consegue odiar Lorde Coelhão, porque ele é @ vilã@ que Aguinaldo Silva sonha em escrever, mas só chegou perto.
Por falar nos vilões de A Princesa e o Robô: galera, lanço aqui a pergunta: QUEM DUBLOU O ZOIUDO? Se vocês assistiram A Princesa e o Robô, devem ter notado que este personagem secundário importantíssimo para o andamento da trama foi completamente esquecido nos créditos do filme, e seu dublador não foi creditado - logo ele, que tem a melhor fala do filme inteiro!
Fonte da imagem: http://www.bcc.org.br/

Zoiudo traz um presentinho pro planeta Terra!
A animação não chega ao nível dos grandes clássicos da Disney, mas não chega a ser um Hanna-Barbera. É como uma cruza dos dois - ou se pode dizer que é o que se espera de um desenho animado do início dos anos 1980 feito para o cinema, mas sem a quantidade de milhões que os grandes estúdios hollywoodianos possuem para investir. Os personagens são relativamente bem desenhados em todas as folhas de celulóide (um avanço considerável sobre o filme anterior), os efeitos visuais são legais e eficientes para um 2D modesto.
Não foi com a Turma da Mônica que eu aprendi a ler - acreditem se quiser, eu aprendi a ler foi com JORNAIS e os livros paradidáticos da escola. Mas foi com Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e cia que eu aprendi a INTERPRETAR TEXTOS - em suma, APRENDI A LER BEM. E me divertia muito no processo! Inclusive li muito os gibis pros meus piolhos, com vozes diferentes e tudo (bons tempos, que não voltam mais)! A transição da Turma para televisão e cinema, aquela altura, talvez já fosse esperada, já havia o Superman nos cinemas e os Superamigos na televisão. E quem não gostar, leva coelhada!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

008 - Paga Salário de Bufão, mas Come o que a População Não Come...

Olá, amadinh@s de Tom!
Como estamos? Espero que bem, maravilhos@s, phyn@s e ryck@ws, porque estou cheio de ter amig@s pobres, pelamordedels!
Enquanto escrevo esta postagem, que é mais uma fura-fila que eu invento pra me endoidar a escrever em cima da hora, me peguei perguntando se estes blogs não estão me fazendo mal. Escrever para esta Filmoteca, assim como para a Discoteca e para a Biblioteca tem me trazido algumas sensações que há muito que não sentia (e não queria sentir), lembranças enterradas bem fundo em meu subconsciente que nem achei que existissem, mais! Revi opiniões, descobri idiossincrasias e incoerências - e me pus deliberadamente numa quantidade considerável de stress de escrever postagens em cima da hora, tendo outras já prontas e programadas.
Foi então que minha amiga Tânia ouviu pacientemente minhas xurumelas e disparou: "Seus blogs não estão lhe fazendo mal! Escrever está lhe fazendo um bem, porque você está descobrindo coisas novas sobre você, mesmo. E isso dói, um pouco!"
Tudo isso através de MÚSICAS, de FILMES e de LIVROS! Dá pra acreditar que isso seja possível? Que estas obras tenham tamanho poder? Pessoalmente, sempre soube e acreditei que sim, agora, com pouco mais de um mês e meio de vida de meus trigêmeos, pude comprovar isso a fundo!
Por que raios estou falando tudo isso? Porque o filme de hoje foi mais um a criar um furacão dentro de mim e mexer com minhas estruturas internas! Bora logo pra ele!

Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Título: Que Horas Ela Volta?
Distribuição: Pandora Filmes
Produtora: Africa Filmes, Globo Filmes e Gullane Filmes
Data de lançamento: 27/08/2015
Direção: Anna Muylaert
Produção: Anna Muylaert, Débora Ivanov, Fabiano Gullane e Gabriel Lacerda
Roteiro: Anna Muylaert e Regina Casé
Elenco: Regina Casé (Val)
Camila Márdila (Jéssica)
Michel Joelsas (Fabinho)
Lourenço Mutarelli (Zé Carlos)
Karine Teles (Bárbara)
Helena Albergaria (Edna)
Luis Miranda (Antonio)
Theo Werneck (Vandré)
Luci Pereira (Raimunda)
Val deixou sua filha Jéssica no interior de Pernambuco e foi trabalhar em São Paulo para garantir à menina melhores condições de vida. Lá, virou babá de Fabinho, filho de Bárbara e Zé Carlos, e passou a morar integralmente com a família abastada no bairro do Morumbi. Treze anos depois (três deles sem qualquer forma de contato), Jéssica aparece para prestar um dos vestibulares mais concorridos do país: Arquitetura e Urbanismo na USP. Fabinho também prestará o Fuvest, mas em outro curso. Inicialmente, os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, mas as coisas começam a mudar de figura quando Jéssica passa a questionar a hierarquia ali estabelecida e reivindica papel de hóspede, invés do de serviçal. A convivência tanto com os ultrajados patrões quanto com a conformada Val azeda rápido. E está formada a tônica de "Que Horas Ela Volta?".
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Mãe e filha aparando as arestas.
Quando eu era pequeno (OK, quando eu era MENOR!!!), nós tínhamos apenas um carro - um Del Rey azul, lindo! - então meus país iam trabalhar juntos: meu pai minha mãe deixava no trabalho dela e seguia para o seu. Até aí, tudo certo. Certo? Nada! Meu irmão e eu éramos pequenos, e acordávamos cedo. Obviamente, queríamos nossos país conosco. Vê-los sair logo após o café era doloroso - e deveria ser também pra eles, mas duvido que não fosse mais pra nossa empregada, que tinha que lidar com nosso choro por uma quantidade razoável de tempo, coitada! Eventualmente, começamos a acordar tarde, assim, não teríamos que ver nossos pais partirem.
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Trabalha, bandinêgu!
Atualmente, Ciça ocupa a "vaga" em casa já tem mais de dez anos. Mas antes dela, foram Quitéria, Ana Rosa, Neide, Silenira... Várias empregadas passaram pela nossa casa, com maior ou menor tempo, com resultados melhores ou não-tão-bons. Mas "Que Horas Ela Volta?" me acordou pra um ponto: enquanto elas estavam ali, ajudando a nos criar enquanto nossos país precisavam trabalhar para nos sustentar, (a maioria d)elas mesmas tinham os seus rebentos, e não podiam criá-los por estarem ocupadas comigo, com meu irmão e nossa casa - e não recebiam o suficiente para ter sua própria doméstica - ou a sorte de ter alguém que as ajudasse com seus rebentos. Como elas deviam se virar nesse quesito? Como elas seguiam a pensar em seus meninos tendo que cuidar dos de outra pessoa? Ciça me conheceu já cabra criado, então, não pode dizer que ajudou a me criar, mas ela mesma tem suas rebentas, e eram bem jovens quando começou conosco.
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"Minha coisa mais rica!"
É fácil para muita gente como eu se por nos pés de Fabinho. Deve ser fácil para muita gente como Ciça se por nos pés de Val. Também deve ser fácil para vári@s crianç@s e garot@s se colocarem nos pés e Jéssica. Agora, deve ser extremamente incômodo se pôr nos pés de Bárbara e José Carlos - porque eles são os "patrões maus" e sem noção, acostumados ao status quo de grandes compradores e senhores das vidas de seus empregados. A conquista de direitos trabalhistas pela classe doméstica e o aumento do seu poder de compra, através de programas sociais de auxílio e moradia (necessários e importantes, mas infelizmente feitos de forma eleitoreira), colocou esta situação em cheque, e expõe os ranços e preconceitos escondidos - e vê-los jogados na cara de forma tão bruta (mesmo em se tratando de uma comédia) não é legal. Você simplesmente não quer ser @ vilã@.
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Casal 20 dando festa pra high society.
"Que Horas Ela Volta?" retrata um Brasil em plena transformação social pós-2004, em todos os sentidos, para o bem e para o mal: @s filh@s da empregada e do zelador podem até não estudar nas melhores escolas primárias e secundárias, mas possuem a chance de competir - e ganhar - uma vaga nas melhores universidades; uma família inteira reunida à mesa com smartphones na mão, intercomunicação dez, comunicação zero; uma classe pobre com poder de compra poucas vezes vista antes; pais e mães workaholics e vaidosos ao ponto de se tornarem seres estranhos dentro de suas próprias casas; jovens de origem humilde que não aceitam o paradigma firmado sobre seus ancestrais para si - tod@s querem o bom e o melhor do mundo para si e assim o reivindicam.
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Crise no seio familiar.
Em meio aos pontos de Brasil2000, outros pontos do Brasil colônia aparecem por aqui: o patrão que pega a empregada (e ainda tenta pegar a filha); o filho irresponsável que faz farra e tenta se engraçar com a filha da empregada, sem se preocupar com os estudos; a patroa que quer parecer boazinha, mas não permite que a empregada "que faz parte da família" passar da porta da cozinha se não for pra limpar, nem que ela consuma seus produtos favoritos; pessoas usando línguas estrangeiras como forma de sarcasmo e agressão covarde e cruel, eu diria, contra alguém que não entende o que está sendo dito. Sem esquecer dum certo câncer subcutâneo do Brasil república que já teve metástase e externou: "nordestinos não possuem boa educação", "gente do norte não pode conviver conosco - deve nos servir". Disse algo estranho?
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Me serve, que eu tô arrebentada!
Bárbara, em dado momento, diz a Val "não parece, mas essa casa ainda é minha". No papel, a casa é de Zé Carlos (herança familiar e, até onde o filme mostra, eles não são casados em comunhão de bens, ou nem mesmo são casados legalmente). Na prática, ela, um nome conceituado no mundo da moda (embora não esteja especificado qual exatamente seja o seu ofício), trabalha tanto (para) fora que pouco sabe do que se passa dentro da casa. Mesmo quando está em casa, permanece absorta em suas atividades e ignora o mundo ao seu redor. Fabinho fuma maconha adoidado (com a conivência de Val), e nega até a morte - por mais que a mãe saiba (sim, há algo que ela sabe!) e cobre honestidade dele. Ele também não lhe dá a devida importância (nem o respeito) que sua posição de mãe exige - a ponto de sequer se importar quando ela sofre um acidente e passa a noite num hospital - isso deve doer... Zé Carlos passa pela crise de meia-idade - o filme não explicita, mas parece que ambos não dormem juntos a um bom tempo - e tem o hábito de "visitar a senzala" (outra coisa que o filme implica que Bárbara sabe ou suspeita). Val é quem sabe os horários e os hábitos, tanto dos empregados quanto de Meg, dos patrões e de Fabinho, sua "coisa mais rica", a quem ela deu todo o amor que não pôde dar a Jéssica - o que lhe garante controle (talvez inconsciente) sobre a casa, com a cumplicidade (consciente) de tod@s.
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

ALERTA TIO DA SUKITA!!!
A pobre Meg é um personagem que ganha destaque pra mim - Meg é a cadela da família, mas é basicamente a cadela de Val. Em momento algum do filme, Bárbara, Zé Carlos ou Fabinho falam com ela, brincam com ela ou chegam perto dela. Nem os outros empregados. Apenas Val interage com ela, a leva pra passear, a disciplina e parari-parará etc. Morando na Ponta Verde, bairro nobre de Maceió, e passeando com Hachi, é fácil ver que os cães da região raramente passeiam com seus "humanos" - passeiam é com as empregadas del@s. E duvido muito que seja com aquel@s que se julgam "don@s" que os pobres canídeos queiram conversa ao fim do dia. Do mesmo modo que as crianças, os animais ditos "irracionais" dão seu amor a quem lhes dá comida, educação, carinho e atenção constantes - difícil para quem não está muito tempo em casa, nem se dispõe a passar algum tempo de qualidade.
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Se até a filha da empregada pode nadar na piscina, por que a pobre cadela não pode?
"Que Horas Ela Volta?" não traz respostas nem saídas para os conflitos sociais que expõe. Anna Muylaert preferiu se afastar de tratados sociológicos e se apegar aos sentimentos que ficaram à flor da pele com a situação nada absurda que se sucede em seu roteiro para dar um desfecho satisfatório ao caso específico de Val, Jéssica e Bárbara. Não deveria, nem poderia pretender tanto. A escolha foi acertada. O filme já é um sucesso de bilheteria no Brasil, além de agradar público e crítica - tanto que já vem colecionando prêmios em festivais internacionais - destacando a criação de um prêmio para atuação no Festival Sundance para ser dado a Regina Casé e Camila Márdila.

Sundance Film Festival 2015:
Prêmio Especial do Júri para Melhor Atriz de Filme Estrangeiro (Regina Casé), empatada com Camila Márdila, por "Que Horas Ela Volta?"
Prêmio Especial do Júri para Melhor Atriz de Filme Estrangeiro (Camila Márdila), empatada com Regina Casé, por "Que Horas Ela Volta?"
Melhor Filme Estrangeiro (Anna Muylaert) - Vencedor: John Maclean, por "Slow West"
Berlinale 2015:
Prêmio do Júri para Melhor Filme de Ficção - Mostra Panorama (Anna Muylaert)
Prêmio do Público para Melhor Filme de Ficção - Mostra Panorama (Anna Muylaert)
RiverRun International Film Festival 2015:
Prêmio do Júri para Melhor Roteiro (Anna Muylaert)
Seattle International Film Festival 2015:
4º lugar: Melhor Atriz (Regina Casé) - Vencedora: Nina Hoss, por "Phoenix"
World Cinema Amsterdam 2015:
Prêmio da Audiência para Melhor Filme (Anna Muylaert)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

007 - Vida Boa É a dos Outros, que a Televisão Mostra

Olá, amadinh@s de Tom! Como estamos tod@s?
Lá em mil-novecentos-e-oitenta-e-lá-vai-bolinha, os Titãs disseram que a televisão nos deixa "burr@s" demais. MiniTom, quando sair desse estado sitting dead de transe, talvez concorde (ou não). Eu, pessoalmente, discordo. Primeiro, porque isso é uma ofensa aos pobres Equus asinus, que são animais inteligentíssimos. Segundo, porque eles atribuíram à pobre televisão uma característica que a tira de seus status primordial: o de FERRAMENTA.
Televisão, assim como a internet, são meras ferramentas que devem ser utilizadas para facilitar o nosso dia-a-dia. Não mais que isso! Se precisamos de entretenimento puro, há centenas de opções de programas para isso; se precisamos nos informar sobre o que acontece no mundo, a televisão (supostamente) nos oferece uma nesga de visão sobre os eventos mais recentes; se precisamos aprender, há uma série de programas que se pretendem educativos. Mas isso não quer dizer em absoluto que a televisão deva ser nossa babá. Somos NÓS que devemos decidir O QUE VER ou mesmo SE VER. Quem nos estupidifica somos nós mesmos, mesmo com os esforços de outr@s que possuem o poder de decisão sobre o que vai ao ar!
Mas sigamos ao filme de hoje, sim?

Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/

Título: Rede de Intrigas
Título Original: Network
Distribuição: Metro-Goldwyn-Mayer/United Artists
Produtora: Metro-Goldwyn-Mayer, United Artists
Data de lançamento: 27/11/1976
Direção: Sidney Lumet
Produção: Howard Gottfried e Fred C. Caruso
Roteiro: Paddy Chayefsky
Elenco: Peter Finch (Howard Beale)
Faye Dunaway (Diana Christensen)
William Holden (Max Schumacher)
Robert Duvall (Frank Hackett)
Wesley Addy (Nelson Chaney)
Ned Beatty (Arthur Jensen)
Beatrice Straight (Louise Schumacher)
Lee Richardson (narração)
Após um triste episódio envolvendo a jornalista Christine Chubbuck e a notícia de que um grande grupo estaria em negociações para comprar a rede ABC, Paddy Chayefsky refletiu que uma vez que uma corporação mundial ganhe controle sobre uma emissora, ela pode tentar fazer do setor de jornalismo algo rentável, habilitando-a a degradar as notícias e transformá-las em entretenimento e que a emissora se encontraria num processo de "tudo pela audiência" em busca de lucros com patrocinadores. Nascia ali "Rede de Intrigas".
Howard Beale, âncora do telejornal da United Broadcast System, é demitido por estar "ficando velho". Ele, então, anuncia aos telespectadores - com várias tiradas raivosas sobre o estado do mundo - sua intenção de se suicidar em seu programa final. Com o estouro da audiência, a emissora parece lhe dar um novo valor e incentivar seu comportamento cada vez mais surtado, revogando sua demissão e lhe dando um novo programa e o apelido "O Profeta Louco da Televisão".
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"Eu estou louco da vida, e não vou aturar mais isso!"
Diana Christensen é uma quenga de marca maior ambiciosa chefe de programação que enxerga em Beale o trampolim para levar a emissora ao primeiro lugar em audiência. Logo convence o escroto escudeiro da corporação na emissora, Frank Hackett, a transformar o corte final o evento num especial televisivo. Mas, quando Beale instiga seus telespectadores a irem às suas janelas e gritar o mais alto possível "Eu estou louco da vida, e não vou aturar mais isso!", todo o jogo muda - o que o torna a personalidade televisiva mais quente dos Estados Unidos, e Diana se tornou a galinha dos ovos de ouro da emissora. Ela planeja tornar o noticiário noturno puro entretenimento (com uma vidente e tudo o mais), num programa construído em torno dos rompantes de Howard: "A Hora de Beale".
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/

É hora do "Show do Mao Tse-Tung"! Soltem os doidos e bora filmar sangue!
Max Schumacher, chefe do departamento de jornalismo da emissora e melhor amigo de Howard, é forçado a lhe dar a notícia de sua demissão, e tem sua posição comprometida com a exposição negativa da emissora que Beale trouxe com suas tiradas. Com o "renascimento" do âncora nas graças da audiência, Max percebe a necessidade de tratamento de seu amigo e se recusa a explorá-lo - e sofre a puxada de tapete final. O mesmo compasso moral que o impediu de explorar Beale não funciona quando ele resolve se encangar ter um caso justamente com quem lhe puxou o tapete: Diana - e até larga a família por ela.
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/

Sou o marido traidor, mas vou voltar pra minha mulher porque a audiência não permite que a Tradicional Família seja destruída!
"Rede de Intrigas" é um filme não de Sidney Lumet ou da United Artists, mas de Paddy Chayefsky - o cartaz e os créditos do filme deixam claro. Não é à toa: ele estava no set todos os dias e ia aos estúdios de telejornais toda noite para assegurar que os atores pudessem dizer da maneira exata o que ele havia escrito no roteiro - logo, como numa peça teatral, ele assumiu o crédito pela película e diretor e produtores não tiveram outra opção que não concordar. O resultado final fez de Chayefsky a única pessoa a ganhar três Oscars de Melhor Roteiro sozinho (os outros que também ganharam três estatuetas as dividiram com co-roteiristas).
Com toda a interferência e controle de Chayefsky, Sidney Lumet parece mais ser diretor apenas de título - mas não creio que, neste caso, seja algo que o incomode, visto que ele e Chayefsky eram muito amigos e ambos começaram na televisão. De qualquer modo, ele é um diretor que meio que "se adapta" às suas obras, tal qual um camaleão. Antes deste, Lumet já havia feito "Serpico", "Assassinato no Orient Express" e "Um Dia de Cão" - mostrando seu maior foco nas histórias dos personagens, mais que em estilos visuais, gêneros ou algo que se identifique como "filme de Sidney Lumet" - no máximo, a maioria deles se passa na cidade de Nova Iorque.
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/

Eu ganhei a parada, seu fidapextx! Agora, suma da minha tevê!
O elenco formou um conjunto que dificilmente haverá outro igual. Um grupo de atores que conseguem ser engraçados sem precisar tentar ser comediantes. Peter Finch, mostrando ser um ator destemido e de grande alcance dramático, ganhou o papel da sua vida (e que ironicamente viria a ser seu último - ele faleceu de ataque cardíaco menos de dois meses após o lançamento de "Rede de Intrigas") no histérico Howard Beale - que não poderia ser mais diferente do contido dr. Hirsh de "Domingo Maldito" - e ganhando merecidamente por ele o Oscar de Ator Principal (o primeiro Oscar póstumo entregue para uma categoria de interpretação). Faye Dunaway dominou o filme (sinto muito, Finch) como a sedutora sem alma nem coração e levou a estatueta de Atriz Principal para casa (francamente, acho que Sissy Spacek ou Liv Ulmann deveriam ter ganho). E terceira estatueta de atuação foi para Beatrice Straight - como digníssima esposa de Max - para Atriz Coadjuvante (foi boa, sim, mas Piper Laurie fez um trabalho muito melhor), em uma das performances de tempo de tela mais curtos da história a ganhar um prêmio. Robert Duvall faz de Hackett o maior pé-no-saco da história do cinema (juro, eu queria socá-lo desde o décimo segundo dele na tela). William Holden, também indicado a Melhor Ator Principal, dá uma ótima interpretação de andropausa, parecendo alienado e triste por toda parte. Ned Beatty também ganhou uma indicação para Ator Coadjuvante como o presidente da corporação, Sr. Jensen, que lança um descontrolado Beale em seu próprio evangelho, numa participação ainda mais curta que a de Straight.
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/

As nações de hoje são IBM, ITT, AT&T, Dupont, Dow, Union Carbide e Exxon! Cai na prova de Geografia, então, estude!
Eu adoro este filme. De verdade. O humor negro, a metalinguagem e a sátira me atraem, e a película oferece tudo isto num pacote só, nas doses certas. A sátira mordaz da "TV Mundo Cão" que é "Rede de Intrigas" parece ficar cada vez mais relevante - e profética - a cada ano que passa. Paddy Chayefsky enxergou longe a direção que fomos tomando - pena ou sorte que ele não viveu para ver - até a era globalizada (ou, como prega o presidente da corporação a Beale, "uma vasta e gloriosa companhia ecumênica"). Uma era onde corporações mundiais hoje tomam conta de grandes emissoras televisivas, radiofônicas e até da mídia impressa. Onde não existe, mais, uma linha clara separando jornalismo de entretenimento (não que isso seja algo propriamente ruim) e, neste 2015, é possível ver as táticas pesadas de manipulação populacional (comentaristas pregam suas próprias versões das notícias sem nenhum disfarce da sua parcialidade, matérias sendo editadas ao bel-prazer de quem comandar a bagaça) por parte destas empresas, desde a proliferação de reality shows pelas grades de programação até mesmo a exploração nada velada da miséria humana para puro entretenimento. O que falta fazer por audiência, mesmo, é matar alguém ao vivo na televisão (OPS...). O pavor é descobrir que Howard Beale viria a existir de verdade em poucos anos e se espalhar pelas redes televisivas mundiais. O que será de nós, mais para a frente?

Los Angeles Film Critics Association Awards 1976:
Melhor Filme (Howard Gottfried), empatado com Irwin Winkler e Robert Chartoff, por "Rocky: Um Lutador"
Melhor Diretor (Sidney Lumet)
Melhor Roteiro (Paddy Chayefsky)
Kansas City Film Critics Circle Awards 1976:
Melhor Atriz em Papel Principal num Filme Cinematográfico (Faye Dunaway)
USA National Board of Review 1976:
2º Lugar: Top10 Filmes (Howard Gottfried) - Vencedor: Walter Coblenz, por "Todos os Homens do Presidente"
National Society of Film Critics Awards 1977:
2º Lugar: Melhor Atriz em Papel Principal (Faye Dunaway) - Vencedora: Diane Keaton, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
2º Lugar: Melhor Ator em Papel Principal (William Holden), empatado com Gérard Depardieu por "A Última Mulher" - Vencedor: Art Carney, por "A Última Investigação"
2º Lugar: Melhor Roteiro (Paddy Chayefsky) Vencedores: Marshall Brickman e Woody Allen, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
3º Lugar: Melhor Ator em Papel Coadjuvante (Robert Duvall ), também por "The Seven-Per-Cent Solution" - Vencedor: Edward Fox, por "Uma Ponte Longe Demais"
Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films 1977:
Melhor Filme Cinematográfico - Drama (Howard Gottfried) - Vencedores: Hugh Benson e Saul David, por "Fuga no Século 23"
Golden Globes 1977:
Melhor Ator em Papel Principal num Filme Cinematográfico - Drama (Peter Finch)
Melhor Atriz em Papel Principal num Filme Cinematográfico - Drama (Faye Dunaway)
Melhor Diretor de Filme Cinematográfico (Sidney Lumet)
Melhor Roteiro de Filme Cinematográfico (Paddy Chayefsky)
Melhor Filme Cinematográfico - Drama (Howard Gottfried) - Vencedores: Irwin Winkler e Robert Chartoff, por "Rocky: Um Lutador"
New York Film Critics Circle Awards 1977:
Melhor Roteiro (Paddy Chayefsky)
2º Lugar: Melhor Atriz em Papel Principal (Faye Dunaway) - Vencedora: Diane Keaton, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
2º Lugar: Melhor Filme (Howard Gottfried) - Vencedor: Charles H. Joffe, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
American Cinema Editors Award 1977:
Melhor Montagem de Filme Cinematográfico (Alan Heim) - Vencedores: Richard Halsey e Scott Conrad, por "Rocky: Um Lutador"
Directors' Guild of America Awards 1977:
Melhor Direção Cinematográfica (Sidney Lumet) - Vencedor: John G. Avildsen, por "Rocky: Um Lutador"
Writers' Guild of America 1977:
Melhor Drama Escrito Diretamente para Cinema (Paddy Chayefsky)
Academy Awards 1977:
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch)
Melhor Atriz em Papel Principal (Faye Dunaway)
Melhor Atriz em Papel Coadjuvante (Beatrice Straight)
Melhor Roteiro Original (Paddy Chayefsky)
Melhor Filme (Howard Gottfried) - Vencedores: Irwin Winkler e Robert Chartoff, por "Rocky: Um Lutador"
Melhor Ator em Papel Principal (William Holden) - Vencedor: Peter Finch, por "Rede de Intrigas"
Melhor Diretor (Sidney Lumet) - Vencedor: John G. Avildsen, por "Rocky: Um Lutador"
Melhor Ator em Papel Coadjuvante (Ned Beatty) - Vencedor: Jason Robards, por "Todos os Homens do Presidente"
Melhor Cinematografia (Owen Roizman) - Vencedor: Haskell Wexler, por "Esta Terra É Minha"
Melhor Montagem (Alan Heim) - Vencedores: Richard Halsey e Scott Conrad, por "Rocky: Um Lutador"
Premi David di Donatello 1977:
Melhor Atriz Estrangeira (Faye Dunaway), empatada com Annie Girardot por "Cours Après Moi ... que Je t'Attrape"
BAFTA Awards 1978:
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch)
Melhor Filme (Joseph Janni e Edward Joseph) - Vencedores: Charles H. Joffe, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Ator em Papel Principal (William Holden) - Vencedor: Peter Finch, por "Rede de Intrigas"
Melhor Atriz em Papel Principal (Faye Dunaway) - Vencedora: Diane Keaton, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Ator em Papel Coadjuvante (Robert Duvall) - Vencedor: Edward Fox, por "Uma Ponte Longe Demais"
Melhor Diretor (Sidney Lumet) - Vencedor: Woody Allen, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Roteiro (Paddy Chayefsky) - Vencedores: Marshall Brickman e Woody Allen, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Trilha Sonora (Dick Vorisek, Jack Fitzstephens, James Sabat, Marc Laub e Sanford Rackow) - Vencedores: Gerry Humphreys, Les Wiggins, Peter Horrocks, Robin O'Donoghue e Simon Kaye, por "Uma Ponte Longe Demais"
Melhor Edição (Alan Heim) - Vencedores: Ralph Rosenblum e Wendy Greene Bricmont, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Nippon Akademī-shō 1978:
Melhor Filme em Língua Estrangeira (Howard Gottfried) - Vencedores: Irwin Winkler e Robert Chartoff, por "Rocky: Um Lutador"
USA National Film Preservation Board 2000:
Registro Nacional de Filmes
Producers' Guild of America Awards 2002:
PGA Hall of Fame - Filmes Cinematográficos, empatado com "Sob o Domínio do Mal"

terça-feira, 1 de setembro de 2015

006 - Como Elas Podem Machucar, se Palavras São Apenas Sons?

Olá, pessoas!
Eu perdi preciosas horas de sono, este fim-de-semana, a assistir a obra de que falarei agora. Francamente, não sei, ainda, o que eu sinto sobre ele. Mas ele moveu algo em mim, e era urgente. Eu PRECISAVA falar sobre esse filme, e não poderia esperar. Este merecia a furada de fila!
Sabem aqueles momentos mais negros da vida, quando você se encontra perdido, sem saber o que fazer nem onde começar para reagir? Me pergunto: como a gente tira forças para algo - qualquer coisa, qualquer objetivo, quando parece que não temos como nos levantarmos por estarmos sendo enterrad@s viv@s e parece que nenhuma mão virá se estender para nos ajudar a sair do atoleiro?
Este post será altamente reflexivo e com algumas doses de revolta interna. Então, não se assustem muito, por favor!
Vamos ao filme?

Fonte da imagem: http://www.imdb.com/

Título: Um Grito de Socorro
Título Original: Spijt!
Distribuição: Dutch Filmworks
Produtora: Shooting Star Film Company
Data de lançamento: 20/06/2013
Direção: Dave Schram
Produção: Dave Schram, Hans Pos, Maria Peters, Menno Slot e Peter Hermans
Roteiro: Dick van den Heuvel e Maria Peters (baseado no livro "Spijt!" de Carry Slee)
Elenco: Stefan Collier (Jochem)
Robin Boissevain (David)
Dorus Witte (Vera)
Charlotte Bakker (Sanne)
Nils Verkooijen (Justin)
Rick van Elk (Remco)
Fouradi (Youssef)
Fabiënne Bergmans (Nienke)
Jessica Zeylmaker (mãe de Jochem)
Edo Brunner (pai de Jochem)
Dave Mantel (Tino)
Este não é um filme "original". Não tem a intenção de ser. Nem precisa. Mas se destaca da maioria dos filmes que vi pela realidade absurda das cenas e situações e pelo impacto que a metade final causa.
Fonte da imagem: http://www.interfilmes.com/

Animais selvagens institivamente pressentem o elo mais fraco dum grupo na hora da caça...
"Um Grito de Socorro" nos apresenta Jochem, um rapaz tímido e atormentado diariamente na escola por ser gordinho. Tod@s na escola tiram onda, mas Sanne, Justin e Remco vão muito além. Tino, o professor de ginástica, inclusive colabora com a prática do bullying. No meio disso, outros, como Vera e David, tentam ajudar Jochem, mas têm medo de enfrentar os valentões e sofrer represálias. E a situação só aumenta de intensidade até o dia em que Jochem vai a uma festa com os colegas, é forçado a beber e não aparece no dia seguinte no colégio.
Fonte da imagem: http://camocimceara.blogspot.com.br/

Bullies sendo bullies...
Não tenho como manter um julgamento totalmente imparcial sobre "Um Grito de Socorro" - ele gritou bem fundo em lembranças que eu não consegui enterrar, mesmo após quase quinze anos. Não houve jeito de assistir este filme sem me lembrar de ser acossado no banheiro, de ser alvo de lascas de giz (e eu sou alérgico a essa bobônica, e tod@s sabiam), de ter o conteúdo de uma lixeira jogado em cima de mim, das piadas que eu era obrigado a ouvir todo dia, dos empurrões (que cessaram temporariamente no dia em que eu reagi e quebrei o dente de um), de um professor de matemática ajudando a tirar onda comigo, de dois professores de história me humilhando em frente à alcatéia com que eu tinha de lidar diariamente, de não ter como falar nada em casa, de me sentir abandonado por Deus.
Fonte da imagem: http://www.filmtotaal.nl/

Bullies sendo bullies... Parte 2.
Bullying tem uma relação extremamente próxima com estupro e violência doméstica no que tange o jogo da sociedade patriarcal em suas tentativas de lidar com a situação - é muito fácil jogar a culpa na vítima e vitimizar os agressores. Por que el@ não reage? Se fosse eu, queria só ver! É muito fácil de falar, se não se pratica o exercício valioso da EMPATIA! Não se enganem - quem sofre bullying não vai esquecer nunca as agressões sofridas (sejam elas físicas ou psicológicas), e aquel@s que conseguem sobreviver provavelmente terão problemas de ajustamento no futuro. Bullying é algo que vai além da auto-estima - ela pode destruir a alma de pessoas mais frágeis.
Fonte da imagem: http://www.dohafilminstitute.com/

Vera e Jochem.
Fonte da imagem: http://i.imgur.com/
Vou deixar uma coisa claríssima aqui: A VÍTIMA NUNCA É RESPONSÁVEL!!! A culpa é de quem pratica o ato! A culpa é compartilhada com quem sabe o que ocorre e nada faz pela vítima. Quem nunca esteve no lado mais fraco da corda jamais saberá o que é o medo das conseqüências de uma rebelião - muito pouc@s têm coragem de ser Casey Heynes, e graças a Deus jamais ouvi falar de alguma Carrie White fora do livro e das telas - mas ouvi falar de Columbine. De Albertville. Da Universidade do Norte de Illinois. De Jokela. De Virginia Tech. Montreal. De Ohio. Bem mais perto, do Rio de Janeiro! Isso só para falar dos casos recentes! É realmente isto o que queremos para o nosso futuro? Pessoas perturbadas a tal ponto de matar como vingança? Ou de tirar a própria vida para se livrar do inferno em que vivem?
Mas ainda há esperança! Iniciativas como Hero in the Hallway e Team Urban mostram que, em algum canto do globo, há crianças preocupadas em serem crianças simplesmente, em se tornarem adultos melhores. Espero ansiosamente ver iniciativas como estas aqui no Brasil!
Filmes como "Um Grito de Socorro" deveriam ter exibição obrigatória em escolas ao redor do globo, e grita por um trabalho sério e multidisciplinar. Junto a filmes mais leves, como "Garotas Malvadas"; documentários como "Bully"; o clássico da fantasia "Carrie" (qualquer das três versões); também àqueles de conteúdo ainda mais pesado, como "Elefante". Fica a dica às editoras - o filme foi baseado no livro Spijt! (Arrependa-se!), um best seller da autora holandesa Carry Slee - ainda não foi traduzido para o português!
Fonte da imagem: https://www.filmfestival.nl/

Simbad, um raio de esperança pro amargurado Jochem.
Enfim, boas opções sobre o assunto não faltam. Agora... onde está o botão de "parar de chorar"?...

Gouden Film 2013:
Filme com mais de 100.000 Ingressos Vendidos (Dave Schram, Maria Peters, Robin de Jong, Robin Boissevain, Stefan Collier, Dorus Witte e Shooting Star Filmcompany BV)
Platina Film 2013:
Filme com mais de 400.000 Ingressos Vendidos (Dave Schram, Maria Peters, Robin de Jong, Erwin Steen, Dick van den Heuvel, Herman Witkam, Jan Rutgers, Robin Boissevain, Stefan Collier, Dorus Witte e Shooting Star Filmcompany BV)
Carrousel International du Film de Rimouski 2013:
Melhor Filme - Prêmio do Público (Dave Schram), empatado com Barbara Bredero, por "Mees Kees"
Melhor Filme - Prêmio do Júri (Dave Schram)
Melhor Filme, Categoria 13 Anos ou Mais - Prêmio do Júri (Dave Schram e Shooting Star Filmcompany BV), empatado com Daniel Ribeiro e Lacuna Filmes, por "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho"
Cinekid Film Award 2013:
Melhor Filme Holandês - Prêmio do Público (Dave Schram, Maria Peters, Robin de Jong, Erwin Steen, Dick van den Heuvel, Herman Witkam, Jan Rutgers, Robin Boissevain, Stefan Collier, Dorus Witte e Shooting Star Filmcompany BV)
Melhor Filme Holandês - Prêmio do Júri (Dave Schram) - Vencedor: Hans Perk, por "Nijntje de film"
Giffoni Film Festival 2013:
Grifo Dourado - Secção +13 (Dave Schram, Robin de Jong e Shooting Star Filmcompany BV)
Nederlands Film Festival 2013:
Melhor Filme - Prêmio do Público (Dave Schram) - Vencedor: Diederick Koopal, por "De Marathon"
Oulun Kansainvälinen Lasten- ja Nuortenelokuvien Festivaali 2013:
Prêmio EFCA de Melhor Filme Infantil Europeu (Dave Schram e Shooting Star Filmcompany BV)
Prêmio EFCA de Melhor Filme (Dave Schram)
Prêmio Starboy de Melhor Filme (Dave Schram)
Tallinn Black Nights Film Festival 2013:
Prêmio Just Film de Melhor Filme Infantojuvenil (Dave Schram) - Vencedora: Katrin Gebbe, por "Tore tanzt"
European Film Awards 2014:
Prêmio da Audiência Jovem (Dave Schram)
Rembrandt Awards 2014:
Melhor Filme Infantojuvenil Holandês (Dave Schram)
Melhor Canção (Fouradi, por "Space", interpretada por Fabiënne Bergmans e Fouradi) - Vencedor: BLØF, por "Mannenharten", interpretada por BLØF e Nielson - filme "Mannenharten"
Toronto International Film Festival 2014:
Prêmio do Público Intantojuvenil de Melhor Filme (Dave Schram e Shooting Star Filmcompany BV)