terça-feira, 1 de setembro de 2015

006 - Como Elas Podem Machucar, se Palavras São Apenas Sons?

Olá, pessoas!
Eu perdi preciosas horas de sono, este fim-de-semana, a assistir a obra de que falarei agora. Francamente, não sei, ainda, o que eu sinto sobre ele. Mas ele moveu algo em mim, e era urgente. Eu PRECISAVA falar sobre esse filme, e não poderia esperar. Este merecia a furada de fila!
Sabem aqueles momentos mais negros da vida, quando você se encontra perdido, sem saber o que fazer nem onde começar para reagir? Me pergunto: como a gente tira forças para algo - qualquer coisa, qualquer objetivo, quando parece que não temos como nos levantarmos por estarmos sendo enterrad@s viv@s e parece que nenhuma mão virá se estender para nos ajudar a sair do atoleiro?
Este post será altamente reflexivo e com algumas doses de revolta interna. Então, não se assustem muito, por favor!
Vamos ao filme?

Fonte da imagem: http://www.imdb.com/

Título: Um Grito de Socorro
Título Original: Spijt!
Distribuição: Dutch Filmworks
Produtora: Shooting Star Film Company
Data de lançamento: 20/06/2013
Direção: Dave Schram
Produção: Dave Schram, Hans Pos, Maria Peters, Menno Slot e Peter Hermans
Roteiro: Dick van den Heuvel e Maria Peters (baseado no livro "Spijt!" de Carry Slee)
Elenco: Stefan Collier (Jochem)
Robin Boissevain (David)
Dorus Witte (Vera)
Charlotte Bakker (Sanne)
Nils Verkooijen (Justin)
Rick van Elk (Remco)
Fouradi (Youssef)
Fabiënne Bergmans (Nienke)
Jessica Zeylmaker (mãe de Jochem)
Edo Brunner (pai de Jochem)
Dave Mantel (Tino)
Este não é um filme "original". Não tem a intenção de ser. Nem precisa. Mas se destaca da maioria dos filmes que vi pela realidade absurda das cenas e situações e pelo impacto que a metade final causa.
Fonte da imagem: http://www.interfilmes.com/

Animais selvagens institivamente pressentem o elo mais fraco dum grupo na hora da caça...
"Um Grito de Socorro" nos apresenta Jochem, um rapaz tímido e atormentado diariamente na escola por ser gordinho. Tod@s na escola tiram onda, mas Sanne, Justin e Remco vão muito além. Tino, o professor de ginástica, inclusive colabora com a prática do bullying. No meio disso, outros, como Vera e David, tentam ajudar Jochem, mas têm medo de enfrentar os valentões e sofrer represálias. E a situação só aumenta de intensidade até o dia em que Jochem vai a uma festa com os colegas, é forçado a beber e não aparece no dia seguinte no colégio.
Fonte da imagem: http://camocimceara.blogspot.com.br/

Bullies sendo bullies...
Não tenho como manter um julgamento totalmente imparcial sobre "Um Grito de Socorro" - ele gritou bem fundo em lembranças que eu não consegui enterrar, mesmo após quase quinze anos. Não houve jeito de assistir este filme sem me lembrar de ser acossado no banheiro, de ser alvo de lascas de giz (e eu sou alérgico a essa bobônica, e tod@s sabiam), de ter o conteúdo de uma lixeira jogado em cima de mim, das piadas que eu era obrigado a ouvir todo dia, dos empurrões (que cessaram temporariamente no dia em que eu reagi e quebrei o dente de um), de um professor de matemática ajudando a tirar onda comigo, de dois professores de história me humilhando em frente à alcatéia com que eu tinha de lidar diariamente, de não ter como falar nada em casa, de me sentir abandonado por Deus.
Fonte da imagem: http://www.filmtotaal.nl/

Bullies sendo bullies... Parte 2.
Bullying tem uma relação extremamente próxima com estupro e violência doméstica no que tange o jogo da sociedade patriarcal em suas tentativas de lidar com a situação - é muito fácil jogar a culpa na vítima e vitimizar os agressores. Por que el@ não reage? Se fosse eu, queria só ver! É muito fácil de falar, se não se pratica o exercício valioso da EMPATIA! Não se enganem - quem sofre bullying não vai esquecer nunca as agressões sofridas (sejam elas físicas ou psicológicas), e aquel@s que conseguem sobreviver provavelmente terão problemas de ajustamento no futuro. Bullying é algo que vai além da auto-estima - ela pode destruir a alma de pessoas mais frágeis.
Fonte da imagem: http://www.dohafilminstitute.com/

Vera e Jochem.
Fonte da imagem: http://i.imgur.com/
Vou deixar uma coisa claríssima aqui: A VÍTIMA NUNCA É RESPONSÁVEL!!! A culpa é de quem pratica o ato! A culpa é compartilhada com quem sabe o que ocorre e nada faz pela vítima. Quem nunca esteve no lado mais fraco da corda jamais saberá o que é o medo das conseqüências de uma rebelião - muito pouc@s têm coragem de ser Casey Heynes, e graças a Deus jamais ouvi falar de alguma Carrie White fora do livro e das telas - mas ouvi falar de Columbine. De Albertville. Da Universidade do Norte de Illinois. De Jokela. De Virginia Tech. Montreal. De Ohio. Bem mais perto, do Rio de Janeiro! Isso só para falar dos casos recentes! É realmente isto o que queremos para o nosso futuro? Pessoas perturbadas a tal ponto de matar como vingança? Ou de tirar a própria vida para se livrar do inferno em que vivem?
Mas ainda há esperança! Iniciativas como Hero in the Hallway e Team Urban mostram que, em algum canto do globo, há crianças preocupadas em serem crianças simplesmente, em se tornarem adultos melhores. Espero ansiosamente ver iniciativas como estas aqui no Brasil!
Filmes como "Um Grito de Socorro" deveriam ter exibição obrigatória em escolas ao redor do globo, e grita por um trabalho sério e multidisciplinar. Junto a filmes mais leves, como "Garotas Malvadas"; documentários como "Bully"; o clássico da fantasia "Carrie" (qualquer das três versões); também àqueles de conteúdo ainda mais pesado, como "Elefante". Fica a dica às editoras - o filme foi baseado no livro Spijt! (Arrependa-se!), um best seller da autora holandesa Carry Slee - ainda não foi traduzido para o português!
Fonte da imagem: https://www.filmfestival.nl/

Simbad, um raio de esperança pro amargurado Jochem.
Enfim, boas opções sobre o assunto não faltam. Agora... onde está o botão de "parar de chorar"?...

Gouden Film 2013:
Filme com mais de 100.000 Ingressos Vendidos (Dave Schram, Maria Peters, Robin de Jong, Robin Boissevain, Stefan Collier, Dorus Witte e Shooting Star Filmcompany BV)
Platina Film 2013:
Filme com mais de 400.000 Ingressos Vendidos (Dave Schram, Maria Peters, Robin de Jong, Erwin Steen, Dick van den Heuvel, Herman Witkam, Jan Rutgers, Robin Boissevain, Stefan Collier, Dorus Witte e Shooting Star Filmcompany BV)
Carrousel International du Film de Rimouski 2013:
Melhor Filme - Prêmio do Público (Dave Schram), empatado com Barbara Bredero, por "Mees Kees"
Melhor Filme - Prêmio do Júri (Dave Schram)
Melhor Filme, Categoria 13 Anos ou Mais - Prêmio do Júri (Dave Schram e Shooting Star Filmcompany BV), empatado com Daniel Ribeiro e Lacuna Filmes, por "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho"
Cinekid Film Award 2013:
Melhor Filme Holandês - Prêmio do Público (Dave Schram, Maria Peters, Robin de Jong, Erwin Steen, Dick van den Heuvel, Herman Witkam, Jan Rutgers, Robin Boissevain, Stefan Collier, Dorus Witte e Shooting Star Filmcompany BV)
Melhor Filme Holandês - Prêmio do Júri (Dave Schram) - Vencedor: Hans Perk, por "Nijntje de film"
Giffoni Film Festival 2013:
Grifo Dourado - Secção +13 (Dave Schram, Robin de Jong e Shooting Star Filmcompany BV)
Nederlands Film Festival 2013:
Melhor Filme - Prêmio do Público (Dave Schram) - Vencedor: Diederick Koopal, por "De Marathon"
Oulun Kansainvälinen Lasten- ja Nuortenelokuvien Festivaali 2013:
Prêmio EFCA de Melhor Filme Infantil Europeu (Dave Schram e Shooting Star Filmcompany BV)
Prêmio EFCA de Melhor Filme (Dave Schram)
Prêmio Starboy de Melhor Filme (Dave Schram)
Tallinn Black Nights Film Festival 2013:
Prêmio Just Film de Melhor Filme Infantojuvenil (Dave Schram) - Vencedora: Katrin Gebbe, por "Tore tanzt"
European Film Awards 2014:
Prêmio da Audiência Jovem (Dave Schram)
Rembrandt Awards 2014:
Melhor Filme Infantojuvenil Holandês (Dave Schram)
Melhor Canção (Fouradi, por "Space", interpretada por Fabiënne Bergmans e Fouradi) - Vencedor: BLØF, por "Mannenharten", interpretada por BLØF e Nielson - filme "Mannenharten"
Toronto International Film Festival 2014:
Prêmio do Público Intantojuvenil de Melhor Filme (Dave Schram e Shooting Star Filmcompany BV)

3 comentários:

  1. Sofri muito também, eram chacotas por ser gorda, pelo meu andar, pelo meu tamanho, eu vivia isolada e chorava muito, odiava ir a escola e até hoje odeio as pessoas que estudaram comigo nela, nunca esqueci das horas que ninguém me deu uma palavra amiga e levo para vida adulta essa sensação que as pessoas não são confiáveis e muitas vezes vivo com a impressão de que estou sendo vítima de novo desses insultos.

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    1. Esta é a sensação geral que a galera que passa por bullying experimenta na vida adulta - sei bem como é, querida.
      O importante é que, ao final de tudo, estamos vivos e BEM!
      Nada melhor que mostrar a quem nos derrubou que não conseguiu nos manter no chão! Não cura, mas ajuda MUITO a cicatrizar.

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  2. Já sofri o bullying por causa da minha cor, minhas vestes, meu cabelo, por ter menos condições financeiras que os outros alunos,é sinto ate hoje na faculdade e trabalho, parece que o menosprezo te acompanha em toda a sua caminhada e tenho dificuldade para relacionamentos porque não me sinto o suficiente pra pessoa em questão é difícil.

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